Os Estados Unidos no Período entre Guerras


Neste post, iremos enfatizar a participação dos EUA no Período entre Guerras, abordando os principais aspectos, desde a primeira pequena crise até o fim do período.

Os Estados Unidos foram os que mais se beneficiaram com a Primeira Guerra Mundial. Como eles só começaram a participar das ações bélicas a partir do verão de 1918, tiveram poucos mortos e feridos se compararmos com a mesma Alemanha citada anteriormente. Além disso, os ganhos, durante a guerra e imediatamente após, foram muito grandes.

Grandes porque empréstimos e mais empréstimos foram contratados pelos europeus visando à reconstrução dos países destruídos. Esses fatores condicionaram aos EUA uma prosperidade sem precedentes. Um período de grande abundância gerou uma idêntica euforia social. Os empresários americanos nadavam em capitais.

Surgia também o modelo de “homem de negócio”, o Self-made-man. Aquele empreendedor, que, saindo das camadas humildes da população, competentemente prosperou. Toda essa riqueza gerou, nos EUA, um novo ideal de vida ou um novo estilo de vida americano, o “american way of life”.
Um estilo de vida baseado na febre de consumo de produtos industrializados. Foi uma época de prosperidade material, que fez com que esse país se tornasse exemplo e modelo de sociedade, em oposição ao socialismo da Rússia Soviética.

Entretanto, todo esse crescimento era frágil. o grande aumento da produção industrial e agrícola nos EUA durante a Primeira Guerra Mundial, uma vez que o mercado consumidor, principalmente o externo, representado pelos países em guerra na Europa e pelos da América Latina, tradicionais consumidores dos produtos europeus, conheceu ampliação significativa.O rápido crescimento da produção e das empresas valorizou as ações e estimulou a especulação, responsável pela "pequena crise" de 1920-21. Se o desenvolvimento de novos setores industriais amenizou a crise na indústria de base, o mesmo não ocorreu com a agricultura, contribuindo para a retração do mercado consumidor.Os anos 20 foram marcados pela prosperidade do país, mas de forma a acentuar a desigualdade socioeconômica -a parcela mais rica da população aumentava sua riqueza, diferentemente da classe trabalhadora. Essa prosperidade era fruto de uma situação de equilíbrio precário da economia, com a concentração maciça de capitais, que, por sua vez, eram originários da superprodução e da facilidade na obtenção de créditos.

A superprodução foi característica de todo esse período, favorecida pela política de liberalismo econômico adotada pelo Estado e responsável pelo aumento dos estoques, pela queda nos preços, pela redução dos lucros e pelo desemprego. A facilidade de créditos, concedidos tanto às pessoas como às empresas, pretendia aumentar o consumo. Dessa maneira manteve-se a ilusão de que a crise era passageira.Em outubro de 29, a venda de ações cresceu nas Bolsas de Valores, criando uma tendência de baixa no preço das ações, que fez com que cada vez mais investidores/especuladores vendessem seus papéis. De 24 a 29 de outubro, a Bolsa de Nova York teve um prejuízo de US$ 40 bilhões. Em abril de 1930, havia 3 milhões de desempregados; em outubro, 4 milhões; um ano depois, existiam 7 milhões e, no início de 1933, de 12 milhões a 14 milhões.A redução da receita tributária que atingiu o Estado fez que não só os empréstimos ao exterior fossem suspensos e as dívidas cobradas como também que fossem criadas altas tarifas sobre produtos importados, o que fez que a crise se tornasse internacional.

A crise desenvolveu-se numa reação em cadeia. O crash financeiro acentuou a crise industrial, desaparecendo qualquer possibilidade de recuperação. Foi necessário reduzir a produção e abaixamento de salários dos que continuavam trabalhando. Por volta de 1933, mais de 14 milhões de norte-americanos estavam desempregados.
A crise de 1929 acabou afetando vários países do mundo. Na Europa, muitas nações dependiam do crédito norte-americano e, quando este foi suspenso, sofreram forte abalo. Houve fechamento de bancos, falências, desvalorização da moeda e desemprego. No início da década de 30, o número de pessoas desempregadas no mundo estava em torno de 40 milhões. Os países desesperados para se safarem, tomaram medidas várias. Alguns como Alemanha e Itália tiveram que adotar regimes autoritários para conseguirem implementar medidas impopulares. A confusão provocada pela crise criou, na Europa, o clima responsável pela eclosão da Segunda Guerra Mundial. O Brasil também foi afetado pela crise de 1929. O café, principal produto de exportação, tinha nos Estados Unidos o seu maior comprador. Com a crise, os norte-americanos reduziram as compras e os estoques de café aumentaram, provocando a queda do preço e transformações políticas, sociais e econômicas no Brasil.
NEW DEAL: a reação norte-americana
Em 1932, 0 povo norte-americano elegeu Franklin Delano Roosevelt para presidente dos Estados Unidos. Roosevelt propôs uma novidade: o abandono do velho liberalismo econômico. Para salvar o capitalismo em crise, era preciso botar o Estado intervindo fortemente na economia. Foi isso que Roosevelt fez. Seu plano econômico chamava-se New Deal (Novo Acordo ou Novo Tratamento) e acabou sendo imitado por quase todos os países do mundo.
Em primeiro lugar, o governo tentou planejar um pouco a economia. Ou seja, em vez de deixar o mercado aquele caos absoluto, o Estado passou a vigiar de perto, disciplinar os empresários, corrigindo os investimentos arriscados, fiscalizando as loucuras especulativas nas bolsas de valores.
Outra medida fundamental foi a criação de um vasto programa de obras públicas. O governo norte-americano criou empresas estatais e também contratou empresas privadas para fazerem estradas, praças, barragens, canais de irrigação, escolas públicas, etc. Ao fazer a obra pública o governo também oportunizou emprego para milhões de trabalhadores.
O New Deal criou leis sociais que protegiam os trabalhadores e os desempregados. No começo esse ponto foi rejeitado pelos empresários. Sem entender direito, eles chegaram ao absurdo de acusar Roosevelt de comunista. Na verdade, era um homem que via longe. Percebeu que para salvar o capitalismo da crise era necessário assegurar um mínimo de consumo por parte dos trabalhadores. O sistema não poderia continuar funcionando se os operários não pudessem colher alguns benefícios do crescimento econômico.
Outras medidas pareceram irracionais. Por exemplo, o governo comprava estoques de cereais e mandava queimar. Ou então pagava aos agricultores para que não produzissem. Que loucura! Milhões de pessoas passando fome e o governo destruindo comida! Bem, não era tão irracional assim. O New Deal apenas seguia a lógica capitalista, ou seja, era preciso acabar com a superprodução de qualquer jeito.
O New Deal deu certo? Nos primeiros anos, só um pouco. Depois a coisa foi melhorando devagarzinho. No final, a economia dos EUA só voltou a se recuperar mesmo a partir da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Se você parar para pensar, pode concluir uma coisa tenebrosa: foi a guerra que resolveu de vez o problema da crise capitalista de 29? Foi. A guerra fez os governos encomendarem quantidades gigantescas de aço, máquinas, peças, mobilizando toda a indústria. Além disso, a guerra resolveu o problema do desemprego de modo arrepiante: milhões de desempregados morreram nos campos de batalha. Que coisa, não? Será que no mundo atual ainda corremos o risco de outra guerra mundial para salvar a economia capitalista da crise?